AMAR
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...Além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar!Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem dizer que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso canta-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder...pra me encontrar...
Florbela Eapanca
"Florbela Espanca foi uma poeta de extraordinária sensibilidade, nascida em 1894 em Vila Viçosa, Portugal. Desde criança fazia versos originados de uma necessidade interior, que segundo os críticos, mesmo com erros de ortografia eram avançados em relação à sua idade. É o processo de criação para atender às pressões do inconsciente e que levaram Florbela a uma permanente angustia de nunca conseguir expressar-se na proporção em que a força erótica de sua alma oculta o exigia. Como diz seu critico José Regis, em estudo de 1952: “...Nem o Deus que viesse ama-la, sendo um Deus, lograria satisfazer a sua ansiedade... "